O antropólogo e fundador da Organização Não Governamental (ONG) Viva Rio, Rubem César Fernandes, esteve na Câmara Municipal de Macaé na última quinta-feira (8), onde palestrou sobre a crescente onda de violência que aflige o Estado do Rio de Janeiro. Na ocasião, ele afirmou que não se trata apenas de um crise de segurança pública: “Estamos em guerra. Os números da violência nos mostram isso”. Recentemente, ele se filiou ao PPS, visando uma possível candidatura ao governo do Estado.
Para Rubem esta não é uma guerra convencional, pois envolve o enfrentamento das forças do Estado e de um conjunto de pessoas mais ou menos organizadas que se espalham pelo território em ações criminosas. A entrada dos cidadãos nessa guerra, sobretudo em áreas carentes, seria fruto da desigualdade social, da falta de oportunidades e da ausência de políticas públicas de educação, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda.
O antropólogo defendeu as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em comunidades de pequeno e médio porte, mas não em grandes territórios, como o Complexo do Alemão. “Para Macaé acho que seria uma boa estratégia, capaz de dar conta das demandas locais.” Ele também se mostrou favorável a entrada do Exército para conter a violência no Rio. “Acho um desperdício não utilizar forças que têm essa competência e podem contribuir com ações e estratégias de forma macro. Assim, é possível deixar que a polícia atue no varejo, isto é, no dia a dia das ruas.”
A palestra foi aberta pelo presidente do Legislativo macaense, Eduardo Cardoso (PPS), e contou com a participação do vereador e presidente do PPS Macaé, Welberth Rezende. Também participaram os parlamentares Robson Oliveira (PSDB), Guto Garcia (MDB), Maxwell Vaz (SD) e Júlio César de Barros (PMDB), o Julinho do Aeroporto.
Solução para o problema
Rubem César terminou a palestra afirmando que é possível baixar a temperatura dessa fervura. Para ele, o caminho é a união de forças municipais, estaduais e federais no enfrentamento do problema, além da recuperação da confiança e da capacidade das polícias.
“Hoje, a média é de dois a três PMs mortos por semana no Rio. Eles sofrem com a desvalorização do Estado e o deboche da população desacreditada. Somado a isso, vivem em um ambiente de grande risco e pressão, o que favorece a depressão, o suicídio e os desvios de conduta dentro das corporações”, relatou o antropólogo.
No entanto, se essas ações não forem acompanhadas de uma forte política de educação, geração de renda e oportunidades para superar a pobreza e diminuir a desigualdade social, todo o esforço será vão, alerta o novo integrante do PPS.
Pré-candidatura ao governo do Rio
Desde 1993 à frente da Viva Rio, o escritor, pesquisador e antropólogo Rubem César Fernandes deixou este ano a direção executiva da ONG tendo em vista as eleições para o governo do Estado. Com 14 anos de experiência na mediação de conflitos junto ao Exército Brasileiro, no Haiti, é a primeira vez que ele se candidatará a um cargo político.
Segundo ele, essa é uma tentativa de contribuir para solucionar o caos que vivemos no Estado do Rio, diante do profundo desencanto da sua geração e da crise moral e financeira que enfrentamos atualmente.
“Não será uma tarefa fácil. Será preciso reduzir as despesas, elencar prioridades, negociar as dívidas, transferir responsabilidades que não são do Estado e tentar fomentar algumas áreas capazes de nos dar uma resposta mais rápida, como o turismo.” No entanto, Rubem reconheceu a dificuldade e a complexidade desse desafio.
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