Responsável pelo abastecimento de energia elétrica em Macaé e mais 65 cidades do Rio de Janeiro, a Enel apresentou o balanço das ações realizadas ao longo dos últimos anos, além de projetos a serem implementados. Porém, autoridades, empresários e a população alegam que o serviço segue aquém do aceitável. Esse foi o debate que ocorreu na Câmara dos Vereadores, durante audiência pública realizada nesta segunda-feira (16). Ao final, a concessionária se comprometeu em dar uma resposta mais ágil aos questionamentos dos consumidores.
A audiência foi conduzida pelo primeiro vice-presidente do Legislativo, Luciano Diniz (Cidadania). Ele reforçou o empenho da Casa em buscar melhorias no setor, principalmente porque, segundo o vereador, o crescimento previsto para Macaé demandará uma cobertura mais eficiente por parte da Enel. “Precisamos também que os resultados cheguem na ponta, incluindo a Região Serrana. Falhas na energia afetam diretamente outros serviços essenciais, como ocorreu recentemente duas vezes na Estação de Severina”, disse.
Presidente da frente parlamentar que acompanha a situação, Tico Jardim (Cidadania) não ficou satisfeito com o relatório apresentado pela Enel. “O grande problema é saber se a concessionária estará disposta a investir em Macaé. A realidade é que os prejuízos seguem acontecendo também na agricultura, resultando em perda da produção quando falta energia por longos períodos.”
Concessionária não atende solicitações do Legislativo
Em seu segundo mandato, Rond Macaé (PSDB) disse que nenhuma solicitação feita de forma oficial pelo gabinete foi respondida. “São mais de quatro anos sem resposta e quem sofre são os moradores”. As críticas também foram reforçadas por Dênis Madureira (Republicanos). “Na explicação, tudo é muito bonito e bem apresentado, mas o maior serviço que poderia ser feito é a Enel entregar o contrato e sair”.
A saúde pública também é impactada diretamente pelo serviço, como lembrou a Dra. Mayara Rezende (Republicanos). “Falar de energia é falar de vida. Temos muitas questões relacionadas à saúde por conta das oscilações que ocorrem. No HPM, as intercorrências são diárias e os exames ficam prejudicados. O aparelho de tomografia, por exemplo, demanda uma alta carga elétrica.”
Sem investimentos, economia será prejudicada
Membros do governo municipal também colaboraram com os debates. O vice-prefeito Dr. Fabiano Paschoal (MDB) lembrou que a Enel venceu uma licitação em âmbito federal. “A gente discute hoje uma concessionária que tem grandes lucros e que precisa dar um retorno maior aos seus consumidores. Hoje, muitas empresas ficam receosas de se instalarem em Macaé pela dúvida se a energia elétrica suportará a demanda”, acrescentou.
As palavras de Paschoal foram reafirmadas pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Vianna. “Estamos em um governo que tem visão desenvolvimentista, contemplando todas as cidades vizinhas. Geograficamente, Macaé impacta um milhão de pessoas. Aqui, acontece a alavanca de um terço dos negócios em todo o estado, não somente para o óleo e gás, como também para o programa de fertilizante, investimentos em energia limpa, entre outros.”
Reclamações no Procon
Secretário de Defesa do Consumidor (Procon), Celso Mussi disse que o órgão recebeu 728 reclamações sobre a Enel, em 2023, e 426 no último ano. “Temos 167 questionamentos nos primeiros meses de 2025. Os maiores problemas são com a demora na reparação e o ressarcimento de danos. É preciso reconstruir a confiança da sociedade e dos empreendedores”, frisou.
As cobranças também foram reforçadas pelo secretário de Políticas Energéticas, Vicente Cardoso. “Esperamos que esta audiência resulte em melhorias concretas”.
Por um serviço com “padrão europeu”
Durante a participação do público, a fala do presidente da Associação de Moradores Vivendas da Lagoa, Leonardo Fernandes, marcou a audiência. “A Enel é italiana e gostaríamos de ter aqui um serviço de qualidade como eles devem fornecer lá. Em nosso bairro, é muito comum a variação de energia. Quando ligamos, não há protocolo para esse problema.”
Enel apresenta números
Representante da concessionária para o atendimento ao poder público, Jonathan Moraes fez um balanço dos trabalhos na cidade e reconheceu os problemas mencionados. “Temos muito a melhorar. Somos humildes por entender que a prestação de serviço precisa de avanço, mas viemos hoje aqui para apresentar o nosso plano de investimentos.”
Entre as estimativas, a Enel projeta ampliar o quadro de funcionários, com 2,8 mil novos postos de trabalho. “Queremos que essas vagas sejam preenchidas pormoradores de Macaé e, por isso, também investimos na qualificação”, acrescentou.
A Enel também projeta ampliar as potências nas subestações de energia até 2027. É o que divulgou o responsável pelos projetos da empresa, Vitor Ribeiro. “Nossa capacidade irá aumentar com obras estruturantes e de melhorias de qualidade.”.
Para conferir a íntegra da audiência pública, veja no player abaixo: