Uma tarde para revisitar o passado, enxergar melhor o presente e construir um novo futuro, mais justo e igualitário para todos. Essa foi a proposta da capacitação em letramento racial para os servidores do Legislativo, que aconteceu nesta terça-feira (26), na Câmara Municipal de Macaé. Realizado em formato de palestra interativa, o curso lançou luz sobre o tema e conduziu o público a uma reflexão sobre como a nossa sociedade foi estruturada, tendo como base uma hierarquia social e racial.
O presidente Alan Mansur (Cidadania) destacou contribuições do Legislativo no combate à discriminação e desigualdade social, como o PL 4.942/22, de Edson Chiquini (Cidadania), que criou o Estatuto da Igualdade Racial, e o PL 4.901/2022, dos ex-vereadoresIza Vicente e Guto Garcia. O projeto dos ex-parlamentares garantiu a reserva de 20% das vagas em concurso público, processo seletivo e vestibular na cidade, para a população afrodescendente.
Alan também enalteceu a oportunidade de ampliar conhecimentos sobre a cultura afro-brasileira. “Queremos preparar os servidores para terem mais empatia e atender melhor as pessoas e isso pode ser feito através do aprendizado da história, dos conceitos e termos adequados para tratar o assunto”.
A vereadora Liomar Queiróz (Agir), autora do requerimento que solicitou o curso para os servidores, defendeu a promoção do conhecimento e da humanização no setor público. “Conhecer melhor a história dos povos africanos favorece o acolhimento dos seus descendentes e nos traz um olhar diferenciado com aqueles que ainda sofrem, na pele, preconceitos cotidianos”.
Formando frentes antirracistas
Para o historiador e diretor do Museu do Legislativo, Meynardo de Carvalho, a ideia não é reverter séculos de cultura racista em um único curso e, sim, ampliar a consciência da lógica racista que é histórica, cultural e estrutural. “Espero que os servidores saiam mais vigilantes com relação a brincadeiras e termos que ferem as pessoas e não deem mais suporte, mesmo que de forma inconsciente, para falas e ações racistas”.
A secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Ingrid Aprígio, conduziu a capacitação e demonstrou que nem sempre é fácil identificar o racismo, sobretudo em nós mesmos. “Chamar de moreninha, escurinho, tentar amenizar a cor ou ter problemas para se autoidentificar como preto ou pardo são situações que revelam o preconceito presente ainda hoje”.
Ingrid aproveitou para explicar que o racismo é uma ideologia que classifica e hierarquiza as pessoas com base em características físicas, como cor da pele, traços faciais e textura do cabelo. “Não se restringe a atitudes individuais, mas a uma estrutura que organiza a sociedade e se manifesta de modo consciente e inconsciente, gerando privilégios para alguns e desvantagens para outros”.
Orientações e denúncias
Ao final da apresentação, os servidores receberam o livro Pequeno Manual Antirracista, da filósofa, professora, escritora e ativista do movimento negro, Djamila Ribeiro. “Espero que este momento tenha servido como estímulo na busca de novos conhecimentos sobre o tema e na formação de novas frentes antirracistas”, enfatizou Aprígio. Ela deixou ainda o telefone e o endereço para quem quiserobter orientações e acolhimento em casos de racismo.
Disque Racismo: (22) 99104-7284
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial funciona no Cealo (Centro Administrativo Luiz Ozório), que fica localizado na Avenida Presidente Feliciano Sodré 466, 1º andar, no Centro de Macaé. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.