<span style="font-family: arial, helvetica, sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify;"> O livro, com relatos, documentos e estudos sobre a repressão militar (1964-1985), é uma publicação da Câmara Municipal.</span>
A partir desta segunda-feira (27), cópias do livro Relatório da Comissão da Verdade de Macaé (CVM) serão entregues às bibliotecas de todas as escolas públicas e particulares da cidade. O livro, com relatos, documentos e estudos sobre a repressão militar (1964-1985), é uma publicação da Câmara Municipal e teve lançamento em sessão solene no dia 17 de março.
A distribuição será feita pelos vereadores Luciano Diniz (PMDB) e Marcel Silvano (PT), integrantes da comissão. Com 194 páginas e organizado pelo historiador Meynardo Rocha de Carvalho, o relatório traz 15 depoimentos de pessoas, ou parentes delas, que sofreram perseguição na Ditadura Militar, como os ferroviários Lauro Martins e Valdir Tavares.
“Tinha um ginásio (…), éramos jogados ali, ao relento, dormíamos no chão (…) não comíamos, não deixavam que a gente levasse colchões ou cobertores, e passávamos frio”, conta Lauro, referindo-se ao Clube Ypiranga, usado pelos militares para concentrar os presos políticos. Entre os documentos da publicação, encontra-se a ata de cassação, no dia 20 de abril de 1964, de seis vereadores e suplentes por “exercerem atividades políticas contrárias ao regime”.
Walter Quaresma, Alberto Ramires, Alcebíades Vieira, Ricardo Moacir L. e Santos, Valdir Curvelo e Abílio Miranda tiveram reintegração simbólica de mandatos em 10 de abril de 2014. Na publicação, há também registros policiais de pessoas interrogadas sobre o seu envolvimento com “comunistas”. Com três capítulos dedicados aos ferroviários, intelectuais e camponeses – os três grupos que se opuseram ao regime em Macaé –, o livro apresenta ainda textos de Meynardo e outros autores, que mostram o contexto histórico da época.
O manifesto do General Olympio Mourão, um mostra da dureza do período, deflagrando o golpe militar, também consta no livro, que teve tiragem de 1 mil exemplares. “Distribuir esse relatório aos estudantes é fazer a memória do que a gente não quer que aconteça de novo. Graças aos que resistiram, hoje nós temos uma democracia”, afirma Luciano.
Jornalista: Marcello Riella Benites