A prefeitura quer instalar um programa de quimioterapia no Hospital Público de Macaé (HPM), mas o projeto, que tramita em regime de urgência na Câmara dos Vereadores, segue levantando debates. Nesta quarta-feira (27), membros do Grupo Renascer Costa do Sol, composto por pacientes em tratamento contra o câncer, ocuparam a Tribuna Cidadã para defender a manutenção e a chegada de novos investimentos no Hospital São João Batista, que já presta o serviço.
Marvel Maillet (Rede) conduziu o encontro e voltou a apresentar justificativas para a preocupação com a proposta. “O texto que foi encaminhado pelo prefeito não dá detalhes sobre o funcionamento do novo serviço de quimioterapia, muito menos quais foram os critérios para escolher uma empresa que atua em Campos. Qual o motivo de não ser feita uma licitação? O HPM tem condições de atender a oncologia? Estas são algumas perguntas que estão sem resposta.”
As críticas foram reforçadas por Maxwell Vaz (SD). “O prefeito enviou um projeto de lei raso e sem nenhuma garantia. Vemos uma gestão com comportamento psicopata. Primeiro, diz que os servidores são o problema. Depois, o alvo passa a ser a Cedae, com ações ilegais e que até pioraram o abastecimento de água. Agora, nos deparamos com um flagrante ataque a uma instituição centenária. É lamentável”, enfatizou.
Em tratamento da doença desde 2010, Maria Madalena de Pontes Melo defendeu que o São João Batista continue como referência na cidade e que receba novos investimentos. “Peço aos vereadores que usem o bom senso e o coração. Muitos membros do nosso grupo gostariam de estar aqui, mas estão sendo atendidos neste momento. Nós enfrentamos uma batalha difícil e todos os profissionais de lá prestam um serviço humanizado, o que é fundamental”, disse.
Também ocupando a tribuna, a paciente Maria Medeiros de Oliveira apresentou um balanço sobre a atuação do Renascer Costa do Sol, que atende a 130 pessoas com acompanhamento, campanhas sociais e atividades inclusivas. Ela ainda alertou que a proposta do Executivo não contempla a radioterapia. “Muitos pacientes seguem viajando, enquanto o serviço de oncologia do São João Batista poderia ser ampliado. Pelo SUS, um dos melhores geneticistas acompanha o meu caso sem nenhum custo”, frisou.
Audiência pública
Na próxima segunda-feira (2), a partir das 18h30, acontecerá uma audiência pública que ampliará os debates com as partes envolvidas, sendo também a oportunidade para que os cidadãos apresentem suas posições. Para quem não puder comparecer à Câmara, é possível acompanhar a audiência pela transmissão ao vivo no canal Câmara de Macaé (Youtube).
A ato foi solicitado por Márcio Bittencourt (MDB), que também é médico. Ele alertou para os possíveis riscos se o atendimento oncológico acontecer no HPM. “O hospital recebe pacientes das mais diversas gravidades. Uma pessoa com câncer tem a imunidade baixa e acabaria exposta a doenças infectocontagiosas. O recomendado é que a quimioterapia aconteça em um ambiente seguro”, alertou.