Participantes de Audiência Pública aprovam construção de ciclovias

Construção de ciclovia na Avenida Teixeira de Gouveia é aprovada sob protestos dos comerciantes.

A Audiência Pública do Plano de Ciclomobilidade aprovou, na noite desta quinta-feira (14), na Câmara Municipal de Macaé, a construção de uma ciclovia na Avenida Teixeira de Gouveia. No total, foram aprovadas 14 rotas para tráfego de bicicletas na cidade. A Rota 10, da Teixeira de Gouveia, foi a que teve aprovação mais polêmica. Foram 35 votos a favor, oito contra e seis abstenções, enquanto as demais rotas foram aprovadas por unanimidade. Cerca de 140 populares participaram no local e aproximadamente 3 mil acompanharam pela TV Câmara, transmitida via internet. A audiência foi presidida pelo vereador Luciano Diniz (PT).
 

Alfredo Ranieri, que tem loja de móveis na avenida, debateu com os representantes do governo e de entidades que apoiam a construção de ciclovias. Ele compareceu acompanhado de Dalmiro Feijó, representando a Associação Comercial e Industrial de Macaé (Acim). “Como vocês pretendem eliminar vagas de estacionamento numa via com tantos estabelecimentos comerciais? Onde os clientes vão estacionar? Falar dos benefícios ambientais e de humanização proporcionados pelas ciclovias é muito bonito. Mas o que a prefeitura quer prejudicando os comerciantes, que tanto contribuem com impostos para o município?”

O empresário lembrou uma redução temporária de vagas na Teixeira de Gouveia, no período do Natal passado, que, segundo ele, gerou uma queda de 20% a 25% nas vendas. Outros participantes também questionaram o Plano de Ciclomobilidade, citando, por exemplo, o perigo que representará para os próprios ciclistas uma ciclovia na via, que tem 15 cruzamentos. Foram questionadas ainda a pouca ênfase que o plano dá na educação para o trânsito e as falhas nos trechos já construídos, que ocasionam acidentes com os ciclistas.
 

Confira a apresentação do Plano Cicloviário.
 

Caminho sem volta
 

Os defensores das também chamadas “vias cicláveis” apresentaram sua construção como um caminho sem volta. Segundo eles, a mobilidade urbana, não apenas em Macaé como em cidades de todo o mundo, encontra-se num estado de ‘travamento técnico’. O secretário de Mobilidade Urbana, Evandro Esteves, recordou o período da chegada da atividade petroleira em Macaé cuja estruturação antecedeu o planejamento urbano gerando os problemas atuais.

“Em casos assim, se o governo age, ele pode errar pouco e pode errar em setenta, noventa por cento, mas se ele não age, ele erra em cem por cento. Dessa vez estamos querendo agir”, afirmou Esteves. Eduardo Almeida, da Federação Estadual de Ciclismo, afirmou que com o modelo atual de “cidades feitas para automóveis”, 80% das vias são usadas por 30% das pessoas.

Em resposta a Ranieri, Almeida disse: “Ciclista também é cliente. Além disso, surgirão novas oportunidades. Já vi surgirem, por exemplo, edifícios-garagem em áreas onde foram construídas ciclovias”. O engenheiro da Secretaria de Mobilidade Urbana Gabriel Athayde citou o caso da ciclovia construída na Avenida Atlântica, que teve forte oposição de donos de restaurantes, onde segundo relatos de vários comerciantes, suas atividades não foram prejudicadas.

As 14 rotas cicloviárias aprovadas na audiência foram apresentadas por Paula Guedes, gerente de urbanismo da Câmara Permanente de Gestão. O prefeito Aluízio dos Santos Júnior foi representado por Alessandra Aguiar, secretária de Habitação. Por telefone, Aluízio pediu que a secretária comunicasse ao público que ele deseja que Macaé se torne a “cidade das bicicletas”.

História, números, legislação e cultura
 

Segundo Eduardo Almeida, há registros da bicicleta, como dispositivo sobre duas rodas à base de impulso, na China, há 2,5 mil anos. A corrente foi introduzida no início do século XX. O uso para fins esportivos, embora seja o que mais se destaca, representa apenas 1% do total, enquanto para transporte representa 50%, para lazer, 17%, e infantil, 32%. A exigência da construção de ciclovias está prevista na Lei Federal 12.587/2012. A cultura de convivência social de mobilidade urbana proposta por essa legislação resume-se na fórmula “O maior protege o menor. O motorizado protegendo o não motorizado. E todos prezam pela vida do pedestre”.

 

Assista a audiência pública na íntegra.
 

Jornalista: Marcello Riella Benites
 

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