A presidente da Associação de Atendimento Multidisciplinar Especializado (Ame Mais), Denise Cardoso, ocupou o Grande Expediente da Câmara de Macaé nesta terça-feira (16), para falar sobre a entidade, que funciona em Imbetiba. O convite foi de Luciano Diniz (Cidadania). “Conhecemos recentemente esse belíssimo trabalho”, disse ele, enfatizando a importância de dar visibilidade à associação voltada a portadores de Transtorno do Espectro Autista (TEA).”
Denise, que é psicóloga, especializada em neuropsicologia e avaliação de autismo, disse que inicialmente, realizava apenas o diagnóstico e o plano de tratamento. “Mas quando encaminhávamos para outras instituições, o planejamento não era efetivado. Então criamos o Espaço Ame. Recebemos principalmente pessoas vindas do SUS e escolas públicas”. Segundo ela, o objetivo é preparar os atendidos para a inclusão social, profissional e acadêmica.
“No meu primeiro diagnóstico de uma criança com autismo, há 16 anos, fui chamada de louca. Hoje, com o tratamento que propus, ela é capaz de dirigir motocicleta”, lembra ela. A equipe tem profissionais das áreas de psicologia, pedagogia e nutrição entre outras, todos voluntários. Denise afirma que é preciso investir na ciência e na formação de profissionais. “Não adianta auxiliar para PcD nas escolas, que apenas serve para levar crianças ao banheiro”.
O presidente Cesinha (Cidadania) afirmou que, mesmo com muitas limitações, Macaé avançou na área, com contribuição do Legislativo. Iza Vicente (Rede) perguntou se a AME dá apoio aos familiares. “Fazemos um treinamento dos pais para lidar com as situações de ter um filho autista. E damos também o apoio psicológico”.
Como se fosse um luto
Foi marcante o momento em que ela definiu o sentimento de um pai ou mãe quando fica sabendo que o filho é autista, como se fosse uma morte. “Temos aqueles que já elaboraram bem esse luto, mas outros manifestam ainda grande ansiedade. Alguns não têm mais coragem de se olhar no espelho para não ver o estado em que estão devido à situação”.
Denise concluiu dizendo que se a situação não for enfrentada com muito preparo científico, as consequências serão graves, com um grande número de pessoas disfuncionais na sociedade. “Não podemos nos conformar com a ideia de que, quando não há nada a fazer, qualquer iniciativa já é alguma coisa. Precisamos de pessoas que saibam comprar briga para enfrentar o autismo com a ciência”.